VIOLÊNCIA URBANA: Bairro de Fátima em Fortaleza - Ceará

VIOLÊNCIA URBANA: Bairro de Fátima em Fortaleza - Ceará
J. Roberto S. Ribeiro (Sociólogo/Estatístico/Mestrado em Políticas Públicas).
RESUMO
Este estudo trata da violência urbana em Fortaleza, mais especificamente no Bairro de Fátima. No trabalho constatou-se que os assaltantes concentram-se, principalmente, nos horários de pico, ou seja, entre seis e oito horas da manhã, doze e duas horas da tarde, e entre seis e oito horas da noite. São os horários onde as pessoas estão indo para o trabalho, indo e voltando do almoço e voltando para casa. Quando à prática dos bandidos, observa-se que eles ficam assediando a vítima, desde a parada do ônibus até entrar em um quarteirão deserto. Quando a vítima menos espera, tem uma arma apontada para ela, onde o fora da lei pede a carteira, celular e outros pertences. Sua maneira de agir, conforme entrevistas e literatura é a abordagem e a espreita nas esquinas, bancos, parada de ônibus, supermercados.
Palavras-chaves - assaltos. método. locais, celular. objetos.

ABSTRACT
This study addresses the violence in Fortaleza, more specifically in the Neighborhood of Fatima. At work it was found that the assailants are concentrated mainly in peak hours, ie between six and eight o'clock, 0:02 o'clock, and between six and eight hours of the night. Are times where people are going to work, going to and returning from lunch and going home. When the practice of the bandits, we observe that they are harassing the victim, since the bus stop to go into a deserted block. When the victim least expects it, has a gun pointed at her, where the outlaw asks wallet, cellphone and other belongings. His way of acting, according to interviews and literature is the approach and lurking in corners, benches, bus stop, supermarkets. Keywords - robbery. method. local cell. objects.
INTRODUÇÃO






1 – CONCEPÇÃO DE VIOLÊNCIA URBANA
1.1 - Concepção da burguesia (direita)
Gullo (1992) tem uma concepção de violência dentro do sistema capitalista como inerente a ele. Sua base de análise, conforme bibliografia citada é da direita, conservadora. Ele elaborou um relatório de pesquisa e foi apresentá-lo ao comando militar. Não acredito que o problema da violência urbana tenha esse método como solução. A violência surge dentro do próprio estado capitalista com as suas próprias contradições. São desempregos, indenizações baixas e forçadas para desapropriar o cidadão de sua casa própria. E várias injustiças sociais.
A abordagem desse problema pode ser feita através da análise teórica que o considera como um processo social, um mecanismo social que é a expressão da sociedade, uma resposta a um sistema que se associa à forma de poder vigente onde a oposição entre dominante e dominado se reproduz de acordo com o contexto das relações sociais que o grupo desenvolve e, conseqüentemente, desemboca em medidas legais e jurídicas do próprio sistema.

1.2 – Concepção marxista
             Para Marx (1981), a violência urbana teria suas causas na má distribuição de renda, no desemprego, nas injustiças sociais, na forma como o capitalismo se organiza para usufruir do lucro do trabalho do operário. Quando sai do emprego, quando é expulso, o trabalhador além de ter ficado sem o minguado salário defasado pela mais valia, ele deixou ali grande parte do  produto do seu trabalho. Enriquecendo o empresário, o trabalhador mais e mais vai encontrando dificuldades de encontrar um outro ofício. Seus filhos ficam no desamparo, sujeitos aos piores desígnios da vida, ficando em muitas vezes sob a mira de criminosos que conhecem o problema. E são alvos fáceis da criminalidade organizada, principalmente no Brasil. Daí a grande onda de assaltos dentro das cidades brasileiras. E quando ocorrem em grande freqüência isso se deve ao crescimento econômico que é feito para beneficiar as classes dominantes. Cada vez que os governos lançam projetos de crescimento econômico, como o que foi lançado recentemente no Brasil no ano de 2010, mais e mais famílias, trabalhadores são expulsos de suas casas para darem espaço aos grandes projetos governamentais, seja para a desapropriação para beneficiar campos de aviação, hidrelétricas, represas, açudes, avenidas, estádios de futebol ou outra geringonça qualquer, mais o trabalhador e suas famílias vão para o meio da rua pedir esmola.
2 - QUADRO DA VIOLÊNCIA ATUAL
Para Durkheim (1996), o suicídio dentro da sociedade reflete o grau de injustiças sociais no contexto sócio-econômico. Para ele,as formas coletivas de agir e de pensar vêm de um realidade exterior ao próprio homem, onde, em cada momento há um encontro.
Tabela 1 - Crescimento da violência urbana em Fortaleza - Taxas de suicídio

Observa-se que o aumento dos suicídios se dá no período de 200 a 2003, devendo cair progressivamente até 2008, quando atinge o nível de 1998.
Se for associado com a economia política, este período 1999 a 2003, foi quando o país enfrentou a pior situação com os processos políticos de privatizações e reforma da previdência. Nos governos neoliberais que assumiram o poder, tanto em 1994, 1998 e 2002.











2 - ANÁLISE DOS DADOS
Figura 1 - Assaltante na esquina da rua Joaquim Bastos com a rua Ratisbona no Bairro de Fátima

           No caso, a pessoa observou que o assaltante esta ali, esperando-a. Ele estava parado, na esquina da rua Joaquim Bastos com a rua Ratisbona. Eram coisa de quatro horas da tarde. O que ela observou é que havia dois homens conversando em uma calçada, embaixo de árvore em frente ao prédio de vinte de dois andares. E o que impressionou foi que o assaltante nem ligava para as pessoas que estavam ali. Este fato leva a crer que há cumplicidade das pessoas para com os asaltantes. Seria necessário uma investigação para ver em que medida moradores de prédios, casas, porteiros de prédios teriam o compromisso com a criminalidade. Não teria sentido um criminoso ficar espreitando pessoas diante de uma tarde clara e de sol.
Talvez um estudo mais aprofundado pudesse chegar a resultados surpreendentes.


Figura 2 - Suspeito dentro do Supermercado Pão de Açúcar (Barão de Aratanha com a rua Doutor Costa Araújo) Bairro de Fátima
         A pessoa informou que ele ficou olhando quando ela colocava a carteira no bolso da frente da calça. Como ela estava distraída, pois estava colocando o troco, não viu logo. Mas assim que levantou a vista, viu o elemento com as características ao lado, observando. E o supermercado estava cheio de gente. E agora vem a pergunta: por que um supermercado cheio de pessoas deixa com que um cliente fique numa situação de perigo? É outro ponto que merece uma investigação. Afinal, ali há guardas, "Prevenção de Perdas" e funcionários do supermercado. Talvez uma investigação cuidadosa mostrasse coisas que chamariam a atenção. Afinal, qual a segurança que uma pessoa tem ao entrar em uma empresa assim?


Figura 3 - Na avenida 13 de maio - Homem de bicicleta (dia 1.6.11)
          O entrevistado informou que quando ia pela avenida 13 de maio, entre a avenida Barão de Aratanha e a rua Jaime Benévolo, o suspeito olhou para ela, intimidando-a. Ela fingiu que não entendera, e procurou sair da situação. Olhou para um lado e outro, e teve a idéia de fingir que estava procurando um endereço. Então, em frente ao Banco Real, ela pegou um caderno, fez que olhava um endereço. E foi voltando. Entrou na loja Fortaleza Informática, perguntou uma coisa. O gerente respondeu que era na oficina, uma loja mais atrás. Ela foi até lá, conversou um pedaço com a moça atendente. Tudo para ganhar tempo e ter a idéia de ir para a sua parada de ônibus, perto da Igreja de Fátima, sem correr o risco de se encontrar com o criminoso. Depois que saiu da loja de oficina, foi para a rua Barão de Aratanha, entrou em uma loja de Ajuste Perfeito. Ali fez mais algumas perguntas. Depois foi ao Supermercado Casa Grande. Entrou, procurou perfumes, desodorantes. A moça a atendeu muito bem. Ela experimentou perfumes. Depois prometeu que voltaria ali, pois costumava comprar na loja. Em seguida entrou no Mercado. Olhou frutas, verduras, leite, bolachas. Verificou preços. Neste ínterim, já deveria ter passado uns trinta minutos. Tempo suficiente para o assaltante ter saído da área. Então ela tomou o caminho de sua parada de ônibus.
Figura 4 - Suspeito na rua Graciliano Ramos com Osvaldo Studarte


 Era mais ou menos duas e meia da tarde, quando dona Gracy viu surgir lá na esquina um suspeito. Mas ela disse que tinha quase certeza que era um assaltante, pois quando ela fora assaltada há uns seis meses, no mesmo horário, o elemento vinha atravessando a rua, olhando, observando os lados para ver se vinha alguém. Ela disse que as pessoas desapareciam rapidamente como se fosse um passe de mágica. Era como se o criminoso estivesse sendo protegido por uma força maior. E pouco depois estava só ela e ele. Apontando uma arma por trás da blusa (dizem que é só uma "sugéstia"), mas ninguém ó maluco de apostar para ver. Só o fato dele apontar, fazer mensão, mostra que não há punição no Brasil para os crimes.



CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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DAMATTA, Roberto. As raízes da violência no Brasil: reflexões e um antropólogo social. In: BENEVIDES, M.V. et alii. A violência brasileira. São Paulo: Brasiliense , 1982.
DEMO, Pedro. Metodologia Científica em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 1981.
DURKHEIM, E. O suicídio: estudo sociológico. Lisboa: Presença, 1996.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2004.
GULLO, Álvaro de Aquino e Silva. Violência urbana: um problema social. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 10(1): 105-119, maio de 1998. Disponível em: < http://www.fflch.usp.br/sociologia/temposocial/site/images/stories/edicoes/v101/violencia_urbana.pdf > Acesso em 2 de junho de 2011.
GULLO, Álvaro de Aquino e Silva. (1992) O policial militar do Estado de São Paulo - caracterização e análise socioeconômica. São Paulo. Relatório de pesquisa apresentado ao Comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
HOBSBAWN, Eric J. Bandidos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976.
MARX, Karl. O capital. Livro 1. Volume 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.
MINGARDI, Guaracy. (1992) Tiras, gansos e trutas. São Paulo: Scritta, 1992.


Onde talvez em suas concepções burguesas, a violência só teria uma solução: a repressão jurídica e militar. O autor esconde as causas da violência, pois estas, caso fossem divulgadas, comprometeriam o sistema capitalista, o que não seria a sua intenção.


Para Gullo, (1998), a violência seria inerente ao próprio sistema, tornando-se um problema social de difícil solução.