A INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO

A INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO  
 Prof. J. Roberto S. Ribeiro


19 - O repúdio da mulher - 3 Alguns fariseus aproximaram-se de Jesus e, para experimentá-lo, perguntaram: “É permitido ao homem despedir sua mulher por qualquer motivo?” 4 Ele respondeu: “Nunca lestes que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher 5 e disse: ‘Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois formarão uma só  carne’? 6 De modo que eles já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe”. 7 Perguntaram: “Como então Moisés mandou dar atestado de divórcio e despedir a mulher?” 8 Jesus respondeu: “Moisés permitiu despedir a mulher, por causa da dureza do vosso coração. Mas não foi assim desde o princípio. 9 Ora, eu vos digo: quem despede sua mulher – fora o caso de união ilícita – e se casa com outra, comete adultério”. (MATEUS, 19, 3-9)
 A questão do casamento e do divórcio é, além da religião cristã-católica, também um questão de ethos cultural. O ethos cultural é a união da moral com a ética. São estes dois fatores que fazem da sociedade, da comunidade o equilíbrio. Os valores culturais são difíceis de mudar.
A filosofia em seus ensaios a respeito da cultura dos povos fala das comunidades primitivas, dos povos, das relações entre os seres humanos. Evidentemente que há povos praticam os relacionamentos de diversas formas, não resta a menor dúvida, no entanto, do ponto de vista da estabilidade da sociedade, fracassam. Muitos dirão que estão lá, praticando os relacionamentos de forma livre. Sim, mas este tipo de socieade não evoluiu, não construiu uma sociedade capaz de fortalecer-se continuamente. E foi na sociedade cristã, desde o seu início que o processo produtivo teve a sua eficácia, a sua eficiência.
Na questão da ética e das civilizações, as mudanças foram acontecendo de forma lenta, passando milhares de anos para serem percebidas pela comunidade. Como exemplo, basta dize que o grau de desinformação das sociedades é muito grande. No mundo moderno, observa-se que coisas que foram aprendidas por uma parte da população, ainda hoje milhões permanecem na obscuridade. Evidentemente que não se está falando dos costumes, estes não, são permanentes, as pessoas estão sempre presentes ali, neles. E é justamente pela presença dos costumes, dos valores culturais, que a informações que partem de cima nunca chegam em sua integridade perante o mar das massas populares.
As leis, por exemplo, estão sempre fora da ética, do ethos cultural, da moral e da própria ética. Leis são feitas não pela sociedade, mas por uma minoria de políticos das classes detentoras do poder dominante. São realizadas com o intuito de favorecer este ou aquele grupo. É por isso que a sociedade sempre desrespeita quase em sua totalidade as leis vindas de cima. Uma delas, por exemplo, a Lei Seca, que trata da proibição do uso de bebidas alcoólicas por motoristas que dirigem no trânsito. Foi uma lei realizada sem a consulta popular, foi feita de cima para baixo, pois a sua intenção não foi a de proteger a vida de ninguém, mas de preservar o status quo das indústrias de automóveis. Os constantes desastres acabaram por promover um demarketing contra o próprio automóvel, taxando-o de causador de dissabores nas cidades, nas estradas. Então, acabaram por arranjar um bode expiatório, o uso da bebida alcólica.
A falta de atenção a esta lei tem alguns pontos que merecem consideração, a falta de informação do próprio guiador de automóvel sobre a lei. Ora, a maioria dos guiadores de veículos andam sem carteira. Outra informação, não porque queiram desrespeitar a lei, mas porque ignoram uma lei que mande a pessoa dirigir após um curso de habilitação. Quer dizer, tudo é uma questão de informação que não chega nunca às massas. A massa erra não por errar, mas por desconhecer uma norma que direcione naquilo.
Pois bem, a lei do divórcio. Foi uma lei criada para satisfazer a um pequeno grupo de burgueses que desejavam dividir o seu patrimônio, tornando-o propriedade apenas do grupo dominante. A questão estava no processo de acumulação do capital. Quando uma família adquiria um patrimônio maior, bem abrangente, a disputa pelos bens acabavam por tornar o outro grupo competidor também um possuidor da mesma fortuna. Então veio a lei do divórcio para sanar um problema puramente econômico.
Por isso, Cristo definiu a separação entre os casais como um caos, uma coisa que nunca dera certo. Em sua sabedoria, o Galileu tinha consciência de que a separação entre os casais levaria a sociedade à desordem e a improdutividade.

REFERÊNCIAS
MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. A Sagrada Família. São Paulo: Cia das Letras, 1978.
PRADO JÚNIOR, Caio. O que é filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1981
PRADO JÚNIOR, Caio. O que é ética. São Paulo: Brasiliense, 1981.