Sociologia do trabalho à distância no Brasil: a ideologia da exploração


Sociologia do trabalho à distância no Brasil: a ideologia da exploração
Com o tempo, o trabalho à distância ganhou terreno, pois as novas tecnologias permitiram isso. Hoje as empresas utilizam celular, notebook e outros equipamentos eletrônicos que deixam para lá os locais específicos. Não há, por exemplo, espaços físicos adequados, pois o trabalho caminha junto com o empregado. Assim, a pessoa pode trabalhar em casa, na rua, seja aonde for, mas está concatenada com a empresa. Uma senhora pode estar em casa, fazendo o café e, ao mesmo tempo, estar ligada ao trabalho de consultoria de uma grande empresa.

Agora vem a pergunta: isso é bom?
Não se sabe, mas o certo é que vale a frase de um ex-aluno meu, de Estatística:
- Roberto, a empresa obrigou todo funcionário a ficar com o celular ligado, por isso não posso aproveitar os momentos de folga quando estou na rua para estudar os exercícios de  Estatística que você passou, pois o celular funciona como um “cabresto”, a todo instante a empresa liga para mim, exige, pede e me explora. E se eu desligar o celular, posso perder o meu emprego”.
A tecnologia dentro do sistema vem ao encontro dos interesses dos empregadores ao mesmo tempo que explora mais ainda o funcionário. Não é à toa que se encontra cada vez mais pessoas com estresses, maltratadas, depressivas. Enquanto isso, vê-se patrões poderosos, senhores do mundo e das pessoas.
Enquanto o empregado sai de madrugada para o trabalho, o patrão sai ao mesmo tempo para fazer caminhada, academia. O trabalhador vai de bicicleta, enfrentando o trânsito perigoso, ao mesmo instante, o patrão sai com a sua Ferrari, pondo em risco a vida do seu funcionário.
Se o patrão mata o funcionário dentro do trânsito violento, a própria justiça, feita pela mão do patrão, diz que o funcionário havia bebido, por isso atravessou a pista com a sua bicicleta de forma irregular.
Não importa que o trabalho seja presencial ou à distância, o empregado é explorado de qualquer maneira. O erro não está na forma como o trabalho é executado, mas na maneira como o capitalismo explora o trabalho alheio.
As coisas funcionam para que a exploração se dê de uma forma que o explorado não perceba que está sendo enganado a toda hora.
A isso se dá o nome de ideologia da exploração do trabalho alheio.