O PETRÓLEO CONTAMINA O MAR, ERA SÓ O QUE FALTAVA!


ERA UMA VEZ – O petróleo contaminou o mar

Havia naquela cidade muita gente que gostava de comer pastel com caldo de cana. Muita gente mesmo. No entanto, seu Gonçalo não gostava, para ele, o importante era estar bem com  vida, só isso. Mas seu Gonçalo, só um pastelzinho não faz mal a ninguém. Mas ele insistia em dizer que o pastel continha muito colesterol. Por isso, preferia sua comida caseira, tapioca na hora da merenda, pão de milho na hora do jantar. Ia levando a vida, tocando em frente.
Lá na esquina, perto do caminho que dá para a subida da serra, morava dona Augusta. Ela era filha do seu João Gudim, aquele que um dia fora morador do sítio Alpes. Mas os tempos eram outros, muita coisa mudara mesmo. Naquele tempo, João Gudim levava os burros para tomar banho, trazer água do olho d´água quando o inverno custava a chegar. Tempos antigos, onde o morador usava chapéu de palha, calça de saco, mescla. Fumava cigarro de palha, usava faca na cintura para cortar cacho de bananeira.
Com a roupa toda suja de nódoa, o morador passava a maior parte do dia dentro do mato, lá em cima da serra. De lá descia grande quantidade de banana, pois ela iria para  capital, de trem.
Hoje as coisas eram bem diferentes, pois o antigo morador virava homem de cidade, cheio de direitos. Usava calça jeans, tênis de última geração, telefone celular, notebook, mp3 e muito mais. As coisas mudaram mesmo.
Enquanto isso, a produção caíra dentro do campo, nada de banana boa, natural, agora era tudo importado, alimento de plástico. Péssima qualidade de vida da população. E a cidade se encheu de pessoas doentes.
Nos tempos atuais, o cavalo e o jumento foram substituídos pela moto dentro do campo. Acabou-se a figura do vaqueiro, agora é o motoqueiro que tange o boi, o gado. Ninguém tem mais interesse em viver a vida natural, o cheiro do mato, pois fica passando por ultrapassado, por fora de tudo.
E o fogão a lenha, aquele que a pessoa colocava o bule ali para o café não esfriar. Agora não, a pessoa vai ao shopping, compra um garrafa térmica com prazo de validade, põe o café ali, esperando que ele não esfrie.
O morador que antes contava histórias de assombração, ali, no alpendre da casa grande da serra, desapareceu. Em seu lugar surge a figura do telespectador, assistindo novel e o BBB.
É, os tempos são outros.
Era uma vez a natureza.
Só faltava essa, o petróleo contaminou o mar.